Carta de Juventudes da Zona Oeste do Rio de Janeiro

Mensagem dos e das jovens da Zona Oeste para a cidade do Rio de Janeiro

Graciela Hopstein

Diretora executiva do Instituto Rio

 

A carta de Juventudes da Zona Oeste foi elaborada a partir do Encontro de Juventudes da Zona Oeste, evento organizado pela Rede da Universidade Comunitária da Zona Oeste em 14 de maio de 2016, na localidade de Campo Grande.

No dia 28 de setembro às 17, na Cidade de Deus, será realizado um evento de lançamento da “Carta” que contará com a participação de todas e todos os atores envolvidos, e principalmente dos e das jovens da região que apresentarão as propostas contidas no documento e os desafios futuros para dar visibilidade a esta importante iniciativa. 

O documento é resultado de diversas reuniões e debates realizados desde o ano de 2015. É produto de um processo de construção coletiva na qual participaram jovens e lideranças locais; representantes de organizações e grupos da sociedade civil, de movimentos sociais, de universidades e instituições privadas e governamentais que atuam nas diversas localidades da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

A Carta visa afirmar as juventudes da Zona Oeste como sujeitos de direito e contém uma agenda propositiva cuja finalidade é promover o acesso dos e das jovens da região a uma cidade mais justa, democrática e sustentável.

Para a Universidade Comunitária da Zona Oeste, o acesso universal aos direitos humanos e de cidadania, e a instalação de uma cultura de redes de articulação territorial constituem os princípios-chave da sua atuação, que devem ser entendidos como o ponto de partida para alcançar o desenvolvimento das comunidades locais.  Esta iniciativa procura fortalecer grupos, movimentos, e organizações da sociedade civil para que sejam capazes de instalar dinâmicas de acesso universal aos direitos; de produção descentralizada de conhecimentos; o compartilhamento de saberes; e a construção de um espaço público (democrático) para as comunidades locais, entendido como um bem comum a todos.

Para as redes envolvidas na iniciativa da Universidade Comunitária, trabalhar com foco nos direitos da população jovem é uma forma de colaborar com a criação de espaços afirmativos e a promoção dos direitos dos e das jovens das diversas localidades da região.

O grupo dinamizador da Universidade Comunitária  - integrado pelo Instituto Rio, Casa Fluminense, Farmanguinhos, FioCruz Mata Atlântica e UNISUAM – e a rede de jovens, lideranças, grupos e organizações de base comunitária da Zona Oeste comprometidos com esta iniciativa foram os atores-chave tanto na mobilização dos e das jovens das comunidades locais e das organizações e grupos da sociedade civil, como na concepção e planejamento do Encontro, na condução de diálogos e debates e na construção de agendas comuns.

Na ocasião do Encontro de maio, foram discutidas questões essenciais para a juventude da região, visando desenhar estratégias conjuntas para a construção de uma agenda pública, com perspectiva de integrar o planejamento Rio500 — o futuro da cidade para os próximos 50 anos. A Carta contém uma agenda propositiva com relação aos seguintes temas: Direito e acesso à cidade; Educação, trabalho e renda; Segurança e bullying; e Gênero e Raça, mas também apresenta análises sobre as realidades e cenários que deram origem à produção de um diagnóstico coletivo que também integra o documento.

A garantia do Direito à Cidade é frequentemente negada às juventudes da Zona Oeste. Problemas vinculados à qualidade do transporte público e às desigualdades dos serviços entre as diversas regiões do município marcam fortemente a vida e o cotidiano dos e das jovens da região.

No ponto de vista da Educação, a Carta alerta sobre a existência de um sistema de baixa qualidade, com carências básicas de infraestrutura e para a falta de compromisso do poder público com a promoção da educação de qualidade para todos e todas. A baixa oferta de postos de trabalho na Zona Oeste e as fragilidades no processo de formação escolar são dois lados da mesma moeda que deixam as juventudes numa posição mais vulnerável, considerando os elevados índices de evasão escolar registradas no âmbito do ensino médio em diversas localidades da região.

“A Carta” também aborda questões vinculadas a situações de violência urbana reforçando a sensação de angústia dos e das jovens diante do futuro. O assédio e a violência contra mulheres, marcados pelo alto percentual de estupros registrados no ano de 2015 na Zona Oeste, constituem um fenômeno significativo. Muitas dessas opressões se desenvolvem com base no racismo, no machismo, no padrão de beleza produzido pela mídia, no preconceito de cor e de cabelo, e na naturalização da desigualdade social, racial e de gênero.

A expressão mais dramática da violência e do racismo está ancorada na constatação de que os e as jovens negros/as das periferias são as principais vítimas de homicídios. As juventudes da Zona Oeste também sofrem com essa realidade e é necessário e urgente contar com ações que combatam essa violência permanente a qual essa população é submetida de forma cotidiana. 

A Carta de juventudes da Zona Oeste está dirigida às comunidades, à sociedade civil, e a todos os atores públicos e privados que atuam em prol do desenvolvimento da Zona Oeste e que estão comprometidos com construção de uma agenda de direitos para as e os jovens do município do Rio de Janeiro e da região.  

O envolvimento dos e das jovens e moradores/as das comunidades, organizações, grupos, coletivos, movimentos e redes locais na divulgação e difusão da Carta em diversos espaços públicos e privados é o ponto de partida para se alcançar o comprometimento com as propostas e dar visibilidade ao movimento de juventudes.

Entidades públicas e privadas que trabalham na concepção e execução de programas e políticas de juventudes em diversas áreas: órgãos públicos em nível municipal e estadual — secretarias de juventudes, de cultura, de educação, de trabalho, de saúde, meio ambiente, etc. —, conselhos de políticas públicas, comitês temáticos, meios de comunicação tradicionais e independentes, lideranças comunitárias e candidatos/as políticos de diversos partidos constituem os destinatários prioritários das mensagens, análises e propostas contidas neste documento. Mas também as empresas e instituições da Zona Oeste (públicas e privadas) que atuam em diversas áreas e que dialogam de forma direta ou indireta com as juventudes locais deverão ser alcançadas e mobilizadas tanto para a realização de diálogos abertos, como para a implantação de ações afirmativas.

 

Confira a Carta na íntegra no arquivo em anexo.

Informações sobre o lançamento: o evento será em 28 de setembro, de 17h às 19h, na Paróquia Cristo Rei - Rua Edgard Weneck, 1605 - Cidade de Deus

Link para o evento: https://www.facebook.com/events/1378744395472536/

 

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